A vida tem destas coisas...tristes

A tarde de ontem podia ter sido uma tarde igual a tantas outras: sair do trabalho, ir buscar o T. e rumar a casa.
Mas não foi!
Ontem ao final da tarde, ardeu parte da casa onde vivi durante dois anos (2002-2004).
Um aquecedor ligado sem ninguém em casa deve ter sido a causa do incêndio que destruíu quase por completo o telhado, o sótão e o primeiro andar da casa e danificou grande parte do rés-do-chão, esse mesmo onde vivi e que agora está alugado a alguém que ontem perdeu grande parte dos seus bens e das suas recordações.
Mudei-me para aquela casa (propriedade da família), depois de lhe ter feito obras, enquanto construía aquela onde hoje vivo.
O espaço é pequeno, tínhamos quase de nos encolher para passar entre a parede e a cama, mas a verdade é que (mesmo achando a frase estúpida) digo que: fui feliz ali, aliás muito feliz!
Ontem, ao entrar nesse espaço, depois de o fogo ter sido extinto, fi-lo com o capuz do casaco na cabeça e fiquei com água até aos joelhos.
A minha antiga casa não foi afectada pelo fogo, mas está bastante danificada pela água. Confesso que chorei, porque senti que um pedaço da minha vida morreu ou, pelo menos, está “moribundo”.
Como todas as histórias, esta também teve o lado caricato.
No primeiro andar do lado esquerdo da casa, estava instalada a sede local do PSD. Também o partido “laranja” foi afectado pela desgraça. Na azáfama de retirar objectos, lá vinham os bombeiros com pastas, computadores e cadeiras, quando de repente vislumbrei um soldado da paz com um enorme quadro com a foto de Francisco Sá Carneiro…um dos fundadores do partido que, ironicamente, morreu queimado, após uma acidente aéreo.
A vida tem destas coisas...tristes!